segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Católicos franceses votam na direita

Do site do jornal La Croix ( http://www.la-croix.com/Actualite/S-informer/France/Les-catholiques-votent-majoritairement-a-droite-_EP_-2012-01-18-759220).


Les catholiques votent majoritairement à droite

Par rapport à l’ensemble des Français, les catholiques pratiquants privilégient Nicolas Sarkozy mais se tiennent à distance de Marine Le Pen.


Nicolas Sarkozy arrive toujours en tête des intentions de vote des catholiques. Selon un sondage publié jeudi 19 janvier par l’hebdomadaire Pèlerin (groupe Bayard), le chef de l’État obtiendrait, au premier tour de la présidentielle, 33 % des voix des catholiques devant François Hollande à 25 %.

Le rapport de force est ainsi inversé par rapport aux intentions de vote de l’ensemble des Français qui placent le candidat socialiste à 30 %, devant Nicolas Sarkozy à 25 %.

Au second tour, si ces deux favoris sont finalistes, les catholiques voteraient à 53 % pour le président sortant (41 % chez l’ensemble de Français) et à 47 % pour François Hollande (59 % chez l’ensemble des Français).

DÉPEND DU DEGRÉ D’ADHÉSION À LA RELIGION

L’enquête TNS-Sofres réalisée pour Pèlerin et le Centre Sèvres (Facultés jésuites de Paris) confirme ainsi l’ancrage à droite de l’électorat catholique. Début avril 2002, Jacques Chirac obtenait 25 % devant Lionel Jospin à 20 % et, cinq ans plus tard, en mars 2007, Nicolas Sarkozy attirait 33 % des intentions de vote contre 22 % pour Ségolène Royal.

Le « vote catholique » recouvre toutefois des réalités très différentes selon le degré d’adhésion à la religion. Ainsi, chez les catholiques pratiquants réguliers, Nicolas Sarkozy obtient un très gros score, 50 %, contre 13 % à François Hollande.

Chez les catholiques non pratiquants en revanche, le premier ne réalise que 27 % (soit près de deux fois moins) et le candidat socialiste 29 % (plus de deux fois plus).

Les catholiques pratiquants réguliers se situent ainsi plus à droite que les non pratiquants mais se tiennent beaucoup plus à distance de l’extrême droite. Ainsi, seuls 15 % des pratiquants déclarent vouloir voter pour Marine Le Pen contre 22 % des non pratiquants.

SCORE DES CANDIDATS PROCHES DES MILIEUX CHRÉTIENS

Les résultats des pratiquants réguliers, que l’on peut considérer comme le cœur de l’électorat catholique, sont les plus intéressants à analyser dans le détail. Sur leur positionnement politique, ils se situent 37 % à droite, à 22 % au centre et à 11 % à gauche ou très à gauche.

Seuls 4 % se disent très à droite. Au second tour de la présidentielle, ils voteraient à 75 % pour Nicolas Sarkozy et à 25 % pour François Hollande. Signalons enfin le score modeste des candidats proches des milieux chrétiens.

François Bayrou ne réalise que 14 % au premier tour (11 % pour l’ensemble des Français) et Christine Boutin ne décolle pas du 0 %.

Sondage réalisé du 6 au 9 janvier auprès d’un échantillon de 2 007 personnes de 18 ans et plus, selon la méthode des quotas.

BERNARD GORCE18/1/12 - 12 H 17 MIS À JOUR LE 18/1/12 - 17 H 05

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A USP e a defesa da civilidade

Direitos nem sempre são defendidos nos limites da lei. Se não por outros exemplos, um exame sobre a aquisição de direitos no Brasil ao longo do século XX é suficiente para tornar tal afirmação compreensível. Que manifestações políticas tenham de, por vezes, exceder os limites institucionais em regimes antidemocráticos, é algo que se pode compreender facilmente. A história brasileira oferece exemplos bastante claros, como o Estado Novo de Getúlio Vargas, entre 1937 e 1945, e a ditadura militar de 1964 até a metade da década de 1980. Nesses dois casos, a defesa de direitos civis básicos necessariamente ultrapassava as margens – naqueles casos, arbitrárias – da lei.

No entanto, é fato digno de nota – embora, talvez, menos evidente – que a defesa de direitos básicos pode exceder os limites institucionais também em regimes democráticos. Como exemplo deste caso, poderia ser dada a atuação de movimentos políticos no Brasil pós-1988, que, embora sob a égide de uma Constituição que já lhes garante direitos sociais, precisam agir nos limiares da lei para fazer valer esses mesmos direitos. É preciso, pois, ter claro que a defesa de direitos pode, e em alguns casos excepcionais deve, exceder a lei. Embora tal fato seja mais evidente em regimes autoritários, pode muito bem ocorrer em democracias como a brasileira.

Ao extrapolar os limites institucionais, movimentos pela defesa de direitos precisam justificar a legitimidade de suas ações a partir de um fundamento moral. Os movimentos políticos devem agir segundo preceitos aos quais se acredita que os outros cidadãos possam razoavelmente aceitar. Do contrário, nenhum diálogo seria possível. Ainda que contrárias à lei, certas ações podem ser aceitas se, além de razoáveis e moralmente justificadas, respeitarem aquilo que John Rawls chamou de o «dever de civilidade».

Desde o dia 27 de outubro, quando três estudantes foram enquadrados pela polícia militar por fumarem maconha, a USP foi palco de manifestações radicais. Entre elas, são dignas de nota a ocupação do prédio da Administração da FFLCH; a ocupação do prédio da Reitoria da universidade; a declaração de uma greve geral dos estudantes; o uso de piquetes e «cadeiraços» – retirar as cadeiras das salas de aula – para fazer valer a greve, ainda que ela não fosse apoiada por todos os estudantes; e o adiamento das eleições do DCE para o ano que vem.

Ainda que o movimento estudantil da USP goze de algum apoio dentro da universidade, é patente que a quase totalidade dos estudantes não apoiou os atos acima. Via de regra, o apoio ao movimento estudantil se dá apesar de suas ações extremadas, e não por causa delas. É possível reconhecer a insatisfação de muitos estudantes, seja com a estrutura participativa da universidade, seja com a atuação da PM dentro da USP e fora dela. Porém, em que pese a dificuldade de julgar a ação de movimentos radicais que ultrapassam os limites da lei, e em que pese a insatisfação estudantil acima referida, os estudantes – como, de resto, toda a comunidade universitária – não reconhecem como legítimos os atos extremados do movimento estudantil. Piquetes, «cadeiraços» e ocupações não são apenas ilegais, mas violam também o dever de civilidade, não podendo, pois, ser justificados aos demais cidadãos brasileiros.

Este ano está começando e os ânimos estão arrefecidos. O movimento estudantil uspiano, porém, promete dar continuidade às manifestações logo no início do ano letivo. Se as férias de janeiro não forem suficientes para dar tranqüilidade às divergências na universidade, corre-se o risco de que o clima de civilidade reinante seja substituído pelo medo e por ações ainda mais radicais do que as já ocorridas. Como conseqüência, tal resultado não apenas levaria a mais agressões, senão também colocaria em risco a excelência acadêmica da USP, notadamente a de sua Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, onde os protestos costumam ser mais extremados, sendo, portanto, a faculdade que mais sofre com o clima de radicalização.

Esta não é uma manifestação para que o movimento estudantil da USP deixe de cumprir seu papel. É, pelo contrário, um pedido para que os estudantes da USP defendam suas posições, de modo radical, se for necessário; mas que, sobretudo, defendam também a civilidade na universidade. Se a tolerância, o respeito, a cortesia; se, numa palavra, a civilidade for perdida, então os estudantes perderão as salvaguardas de que suas posições podem ser ouvidas. Se a civilidade for perdida, os estudantes da USP se verão naquela infeliz situação dos sofredores descrita por John Locke, à qual, por não terem mais a quem apelar, terão apenas, como único remédio, ‘apelar aos céus’.